Dom Mathias Tolentino Braga, osb.
Abade do Mosteiro de São Bento em São Paulo
Ao nos propormos este tema “o sentido da vida monástica hoje na Igreja”, creio ser apropriado considerarmos antes a questão: a vida monástica tem algum sentido para o homem de hoje? Mais precisamente, esta questão não se situa só na ordem do ser, mas também no domínio da significação, no âmbito da mentalidade que se estabelece atualmente, em que o próprio vocábulo “monástico” soa sem sentido para muitas pessoas. Apresento aqui um fato atual que nos sugere esta cautela: recentemente um dicionário inglês destinado aos jovens, editado pela Oxford University Press, provocou uma polêmica ao excluir algumas palavras associadas ao universo cristão do seu vocabulário (cf. Passos, Revista mensal de CL, ano XXIV, nº 101, jan./fev. 2009, p. 27). Alguns destes verbetes supressos eram justamente relacionados à missa católica e à vida monástica: altar, capela, bispo, batizar, discípulo, ministro (de culto), páscoa, pentecostes, eucaristia, paróquia, púlpito, santo, pecado, diabo, banco (de igreja), abade, abadia, monges, mosteiro, convento. O argumento para a exclusão é de que estas palavras caíram em desuso, porque se referem a realidades que já não fazem parte da vida cotidiana das pessoas, uma vez que a maioria destas já não tem mais nenhuma relação com a igreja.
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