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JACQUES MARITAIN E O HUMANISMO CRISTÃO


Jacques Maritain e o humanismo cristão

SANTOS, Ivanaldo. Jacques Maritian e o humanismo cristão. In: Fatos & Feitos, Natal, Ano II, n. 5, setembro, 20017, p. 7.

Ivanaldo SantosFilósofo. E-mail: ivanaldosantos@yahoo.com.br


Jacques Maritain (1882-1973), de origem francesa, foi um importante filósofo tomista do século XX. Publicou mais de sessenta obras, vários estudos, análises sociais e entrevistas. No século XX ele realizou uma releitura do Evangelho, ajudou no processo de renovação e expansão do tomismo, também conhecido como neotomismo, e ajudou na reflexão e expansão dos conceitos de dignidade da pessoa humana, de democracia e de Estado democrático de direito. Suas ideias foram uma das bases para, em 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) ter promulgado a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDU). Suas ideias influenciaram o conceito e o desenvolvimento de importantes movimentos, tais como: a democracia cristã – inclusive muitos partidos políticos e grupos sociais da democracia cristã na América Latina foram criados a partir das ideias de Maritain –, o movimento dos direitos humanos, o humanismo cristão e o neotomismo.Maritain é um pensador muito lido em várias partes do mundo, como, por exemplo, nos EUA, na América Latina e em países da Europa (Itália, França, etc). Sua obra é desenvolvida e, ao mesmo tempo, é um reflexo dos grandes temas, problemas e embates do final do século XIX e as primeiras décadas do XX. Entre estes problemas citam-se: o positivismo, o materialismo e, até mesmo, o anticlericalismo reinante no final do século XIX, a renovação da literatura europeia trazida, por exemplo, por Charles Peguy e Leon Bloy, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a crise econômica da década de 1930 e a grande crise existencial que assolava a Europa nas primeiras décadas do século XX.Diante deste quatro de crises e problemas, Jacques Maritain não se isola num niilismo negativo, um niilismo que afirma, dentre outras cosias, que nada presta, que nada existe e que a vida não tem sentido. Pelo contrário, de forma arrojada e corajosa ele parte para um vigoroso processo de renovação do humanismo cristão. Um modelo de humanismo que surge com a pregação de Jesus Cristo e que, por diversos fatores, se desenvolve e atravessa a história da humanidade. No entanto, o modelo de renovação proposto por Maritain inclui repensar a metafísica, ou seja, repensar as questões mais profundas do ser humano (Deus, a existência, a realidade, etc), reposicionar a ética diante dos desafios da modernidade e do século XX, reafirmar o caráter único e especial do ser humano. Por causa desse caráter é necessário valorizar a dignidade da pessoa humana e a renúncia de toda forma de violência e de negação do caráter sagrado do corpo humano.Jacques Maritain foi um dos grandes pensadores do século XX, contribuiu para a renovação do humanismo cristão e para recolocar os temas éticos do cristianismo em debate direto com os grandes problemas e dilemas (fome, guerra, crises econômicas e existencial, etc) que a humanidade enfrentou ao longo do século XX. O atual desafio é continuar e aprofundar o debate que ele fez. Esse aprofundamento tem que levar em conta os desafios e problemas do século XXI (terrorismo, violência, crise econômica, crise política, desesperança, etc). Para o humanismo cristão o atual desafio é não aceitar, como fez Jacques Maritain, o niilismo que afirma que nada tem sentido e, ao invés desse niilismo, propor a renovação e a ressurreição da vida.

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